A série da Netflix “The Gentlemen”, de Guy Ritchie, tem provocado um verdadeiro fenômeno na moda, com um aumento significativo na procura por peças que remetem ao estilo clássico da aristocracia inglesa, caracterizado por xadrezes tradicionais, alfaiataria precisa e relógios caros. Desde o lançamento da série, observou-se um pico nas buscas online por itens como “estética de Theo James”, “boina”, “look com jaqueta de tweed” e “relógios vintage”.
A Asos, conhecida varejista de moda, criou um guia para recriar o estilo da série com suas peças, enquanto a alfaiataria de Savile Row, Henry Poole & Co, colaborou com a Netflix na criação de abotoaduras e um lenço de seda. Marcas que tiveram seus produtos exibidos na série reportaram um aumento considerável nas vendas. Por exemplo, a Cordings of Piccadilly viu a demanda por alguns de seus trajes usados pelos personagens disparar, com alguns itens agora possuindo lista de espera.
“The Gentlemen” busca capturar os signos de classe daqueles que herdam mansões no campo, em uma representação que, embora amplificada pelo estilo de Ritchie, surpreendeu o público internacional pela proximidade com a realidade. Loulou Bontemps, designer de figurino da série, destacou que a inspiração veio da observação das pessoas em Londres e no campo, optando por marcas quintessencialmente britânicas.
A série gerou um debate sobre a moda “anti-fashion”, na qual seus personagens optam pela atemporalidade em vez de seguir tendências, refletindo o privilégio de vestir roupas antigas sem parecer desleixado. Esse estilo de vida é potencializado pela narrativa que envolve personagens em extravagantes trajes que comunicam sua posição de “privilégio definitivo”, com uma abordagem de laissez-faire na moda que desafia as regras convencionais.
Além do impacto na moda, a série parece ressoar em um momento de crescentes desigualdades de riqueza, gerando fascínio sobre como vivem aqueles com poder e dinheiro, em uma realidade material muito diferente da maioria. Helen Warner, professora associada na Universidade de East Anglia, sugere que a aristocracia britânica pode estar vivendo um momento especial, reflexo de um contexto social onde os padrões de vida estão em declínio para muitos.
Fonte: The Guardian
