Numa tendência que desafia o dress code do ambiente corporativo, jovens trabalhadores na China estão fazendo de pijamas, moletons e sandálias com meias o novo padrão de traje para o escritório.
Esta moda ganhou popularidade nas redes sociais chinesas, com milhares postando fotos de seus trajes descombinados e confortáveis, marcando um protesto silencioso contra as pressões de uma vida de trabalho árdua.
Cindy Luo, uma designer de interiores de 30 anos, foi uma das primeiras a aderir a essa moda, valorizando o conforto acima da estética tradicionalmente aceita no local de trabalho. Este movimento ganhou tração no Xiaohongshu, similar ao Instagram na China, e logo se espalhou por outras plataformas como Douyin e Weibo, provocando uma competição online de quem possui o visual de trabalho mais repulsivo.
Essa tendência reflete um sentimento mais amplo entre os jovens chineses, muitos dos quais estão adotando a filosofia de “lie flat” (fazer corpo mole) em resposta a um crescimento econômico mais lento e a diminuição das oportunidades de carreira promissoras. Ao optar por trajes intencionalmente sem graça, esses jovens expressam sua recusa em aderir às expectativas tradicionais de ambição e apresentação pessoal.
O People’s Daily, jornal do Partido Comunista, e até mesmo o líder chinês, Xi Jinping, criticaram a postura de “corpo mole”, mas a tendência dos “looks desleixados” foi vista com uma autoironia mais leve e não recebeu a mesma repreensão. A discussão em torno dessa moda não só questiona as normas de vestimenta no trabalho, mas também reflete uma reavaliação dos valores e prioridades pela sociedade chinesa.
A pandemia de COVID-19 mudou a dinâmica do ambiente de trabalho globalmente, incluindo na China, onde muitos funcionários agora preferem ir ao escritório em seus próprios termos, incluindo a escolha de roupas confortáveis. Este movimento é mais evidente entre as mulheres, que tradicionalmente enfrentam padrões mais altos para a vestimenta de escritório.
Fonte: Folha